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25 de agosto de 2010

O índio na cultura brasileira



Cultura

A cultura cria um processo tipicamente humano: nossa evolução tornou-se muito mais cultural do que biológica. Portanto, podemos caraterizá-la como o acumulo de conhecimentos e hábitos cuja renovação depende muito mais do surgimento de novas técnicas do que das próprias mutações. Foi o surgimento da cultura que permitiu a formação dos grupos sociais, a domesticação de animais e plantas, e o domínio do homem sobre a natureza, causando ao mesmo tempo, progresso humano e sérios problemas à natureza e a outras populações.

Essencialmente constituída por idéias, abstrações, comportamentos e objetos a cultura se compõem de: valores, conhecimentos, normas e símbolos.

Línguas Indígenas



Atualmente no Brasil, são faladas aproximadamente 180 línguas indígenas, mas estas são apenas 15% das mais de mil línguas que se calcula terem existido aqui na época em que os portugueses chegaram, em 1500.

Podemos citar como exemplo o Tupí-Guaraní, no Amapá e norte do Pará, o Aruak, no oeste e leste da Amazônia, o Karib, ao norte do rio Amazonas, entre outras. Existem mais povos indígenas do que línguas. São 221 povos, ou seja, 160 mil índios, que falam 180 línguas.

A língua mais falada é o Tikuna, no alto do rio Solimões, com cerca 30 mil falantes. Atualmente, a média de falantes por língua indígena é perto de 1.500, mas também temos aquelas que são faladas por menos de vinte pessoas.

Em qualquer parte do mundo, línguas com menos de mil falantes são consideradas fortemente ameaçadas de extinção.

A língua mais distribuída pelo território brasileiro é o Tupi-Guaraní, que está no Amapá, no norte do Pará e Rondônia, além do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. São várias famílias que falam essa língua.

Hábitos



A cultura e os conhecimentos dos indígenas sobre a terra foram determinantes durante a colonização, influenciando a língua, a culinária, o folclore, o uso de objetos caseiros diversos como a rede de descanso, além de hábitos que influenciaram os europeus como o banho diário.



Um dos aspectos mais notáveis da influência indígena foi a chamada língua geral (Língua geral paulista, Nheengatu), uma língua derivada do Tupi-Guarani com termos da língua portuguesa que serviu de lingua franca no interior do Brasil até meados do século XVIII, principalmente nas regiões de influência paulista e na região amazônica.

A influência indígena é também forte no folclore do interior brasileiro, povoado de seres fantásticos como o curupira, o saci-pererê, o boitatá, vitória régia e a iara, entre outros.

Toponímia



Abaeté (abá-eté) ou abaetê – homem forte, homem de respeito; pessoa boa, pessoa de palavra, pessoa honrada; homem de valor, corajoso

Paranapiacaba– de paranã ou parana (mar)+ epîak ou epiaca (ver)+aba ou caba (lugar)= lugar de ver o mar, donde se avista o mar.

Igaraçu do Tietê – ygara (canoa)+açu (grande) = canoa grande; Ty (rio)+eté (bom)= rio bom


Iguaçu – i (rio, água)+guaçu (grande)=água grande, rio grande, lago grande


Itatiba – de itá (pedra) + tyba ou tuba (grande quantidade) – muita pedra, muitas pedras, abundância de pedras


Indaiatuba – indaiá (tipo de palmeira)+ tuba (grande quantidade)= mata de palmeiras; muitas palmeiras
 
Paranapanema (nome de rio que separa os estados de São Paulo e Paraná) – de paranã (semelhante ao mar ou rio grande) e panema (imprestável), logo rio imprestável


Tatuapé – tatu e “pê” caminho; caminho do tatu


Piracicaba – lugar onde o peixe para


Itajubá – pedra amarela


Ipiranga - y (rio, água)+ pyranga (vermelho)= rio vermelho.


Itatinga - ita (pedra) + tinga (branca)= pedra branca.


Itaú – pedra preta
 
*abaruna – abaré – Avaré (homem de preto; homem diferente = padre)


Expressões usuais
 


“Tá?”
"O tupi-guarani não sabia modular a voz em interrogativa: suprindo tal deficiência, sempre que perguntava incluía na frase as partículas tahá, tá, pá.”

“fazê” “andá” “muié” “pórvora”

Esse vício de linguagem vem do Tupi. Costume indígena de tirar o “r” do final das palavras e trocar o “l” pelo “r”.

“Me faz um favor?”

A peculiaridade do tupi-guarani em empregar na frase, de preferência o particípio verbal ao infinitivo e de, invariavelmente, antepor as partículas pronominais aos verbos e aos nomes e pospor aos verbos os pronomes retos.

“Chegou lá e, babau, perdeu o emprego”

O "Babau", que muitos acham ser uma gíria de surfista, é uma expressão secular do tupi-guarani, que significa "acabou-se".

“Ele é cheio de nhenhenhén”

A expressão, hoje tomada como gíria, vem de "nheen nheen", que significa em tupi "fala fala".

"Ele é meu xará"

Esta palavra, também tida como gíria, significa "amigo" no antigo idioma indígena.

“tchê”

"Tchê" é outro sinônimo tupi-guarani que significa "amigo". Também significa "eu" e "meu".

“Ele é gaúcho”

“Gaúcho" era o nome dado aos índios guaranis que viviam nas missões

Fauna



Suçuarana (semelhante à cor do veado)

Jaguar (aquele que caça)

Quati (nariz pontudo)

Paca (sempre atenta)

Capivara (comedor de capim)

Sucuri (animal roncador)

Jacaré (lagarto d'água)

Sagui (pelo)

Gastronomia
 


A alimentação indígena tinha como alicerce a MANDIOCA, na forma de farinha e de beijus, mas também de frutas, pescado, caça, milho, batata e pirões.
 
As principais formas de preparo da carne eram assá-la em uma panela de barro sobre três pedras (trempe), em um forno subterrâneo (biaribi), espetá-la em gravetos pontudos e colocá-la para assar ao fogo — de onde teria vindo o churrasco do Rio Grande do Sul — colocá-la sobre uma armação de madeira até ficar seca para que assim pudesse ser conservada (moquém) ou algumas vezes cozê-la.
 
Os maiores peixes eram assados ou moqueados e os menores cozidos sendo o caldo utilizado para fazer pirão. Por vezes, secavam os peixes e socavam-nos até fazer uma farinha que podia ser transportada durante viagens e caçadas. A paçoca era produzida da mesma maneira, pilando-se a carne com a farinha de mandioca, alimento posteriormente adaptado com castanhas de caju, amendoins e açúcar no lugar da carne e transformado em um doce.


Entre os alimentos líquidos indígenas encontra-se a origem da canjica e da pamonha. A canjica era uma pasta de milho puro até receber o leite, o açúcar e a canela dos portugueses ganhando adaptações de acordo com o preparo, como o mungunzá, nome africano para o milho cozido com leite, e o curau, feito com milho mais grosso. A pamonha era um bolo mais grosso de milho ou arroz envolvido em folhas de bananeira.

Trabalho apresentado na disciplina de Cultura Brasileira

Natassia

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