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27 de agosto de 2009

O Cupido, a Vênus, a Psiquê e você.*

Dia desses, no Monte Olimpo, Vênus pediu um grande favor ao seu filho, Cupido. Sim, Cupido, o garotão de cabelos encaracolados que voa por aí flechando as pessoas.

Ela pediu ao Cupido que acertasse uma de suas flechas certeiras em Psique. A ideia de Vênus era que Psique se apaixonasse pelo homem mais feio do planeta. Vênus - como toda mulher - era muito ciumenta. Ela, uma deusa em todos os sentidos, jamais admitiria perder no quesito beleza para uma outra mulher.
Ainda mais sendo a outra uma simples mortal. Não, não com a Vênus. Mulher competitiva.

Cupido era um sujeito legal, bom filho, não negaria um favorzinho desses.

Ele esperou anoitecer, pegou seu estoque de flechas e foi até a casa de Psique.

Cupido ficou maluco: Psique era linda, perfeita e, para piorar, gente boa.

Mas missão é missão. E lá foi o Cupido armar o seu arco e flecha. O cara mirou, mirou, mirou e...errou.
Acbou acertando o próprio braço e terminou a missão apaixonado por Psique.

Como toda história de amor, essa também não deu certo. Cupido era um Deus. Psique, uma mortal. Zeus, o deus master, soberano, foi categórico: "O deus do amor não pode se unir a uma mortal".

Depois de muito D.R. no Olimpo, de saco cheio de ver Cupido arrastando as suas asas pelos cantos, Zeus transformou Psique em imortal. Cupido e Psique casaram-se com benção inacreditável da sogrona bonitona Vênus.

Moral da história: amor perfeito só existe para quem é perfeito. Ou para quem mora no Olimpo.

Álvaro Rodrigues

*Texto pertencente ao blog "Briefing com fritas". É uma releitura moderna do mito de EROS E PSIQUE.


PS1. Este texto eu 'achei' pesquisando sobre um trabalho de Literatura Latina sobre o deus grego EROS, que na cultura romana ficou CUPIDO. Esta releitura me chamou a atenção.
PS2. Peço mil desculpas por não cumprir a minha promessa de colocar um post meu no final da semana, mas é que a faculdade não me deixou em paz por conta de tanto trabalho estas duas últimas semanas.

13 de agosto de 2009

Discurso racista? Um estudo de caso

O humorista com as 'personagens' da polêmica depois do arquivamento de seu processo


Recentemente uma piada escrita em um site de relacionamentos da Internet, o Twitter, por Danilo Gentili, humorista e repórter do CQC (Custe o que custar), gerou grande polêmica na sociedade por haver nela um suposto racismo.

Por isso, com base em alguns fundamentos da Análise do Discurso, a piada será analisada e verificaremos se há, ou não, o preconceito no texto humorístico.

Danilo Gentili é muito conhecido por fazer shows no formato “stand up”, em que o humorista fica em pé sem estar caracterizado por personagens contando histórias engraçadas de fatos cotidianos. E há pouco tempo, sua fama aumentou por fazer perguntas polêmicas a políticos (aquelas que todo cidadão tem vontade de perguntar), que, na maioria das vezes, os deixa sem resposta, no programa CQC.

O Twitter é um site de relacionamentos que tem a característica de um “mini blog”. Nele, as pessoas escrevem, em frases curtas, o que sentem, situações que passam etc.

A piada escrita nesse site é a seguinte:
“Agora no Tele Cine, King Kong, um macaco que depois que vai para cidade e fica famoso, pega uma loira. Quem ele acha que é? Jogador de futebol?”


Existe uma ciência humana, a Linguística, que faz o estudo científico da língua, isto é, estuda a sua organização e estrutura interna.

A Análise do Discurso é um campo da linguística especializado em analisar construções (ideológicas) de sentido presentes em um texto, o discurso. Por sua vez, o discurso é o efeito de sentido gerado do resultado da enunciação, o momento em que o enunciado é feito, e do enunciado, sequência acabada de palavras de uma língua, levando em conta as seguintes características, já sendo aplicadas no texto estudado:
a) Sujeito enunciador: É quem produz o discurso. No caso estudado, é alguém muito conhecido em seu meio social;
b) Interlocutor: É para quem o discurso foi direcionado. Neste caso, a sociedade, num primeiro momento, aqueles que acessam a Internet (condição de produção), depois se difundiu para as outras parcelas da população;
c) Contexto histórico-social: É o tempo e o espaço onde o discurso foi dito. Neste caso, Brasil, início do século XXI, onde a sociedade ainda sofre com os resquícios de séculos da escravidão de negros, abolida em 1888 e que a prática de racismo é considerada crime. É a característica considerada mais importante para a repercussão da polêmica;
d) Condições de produção: podemos considerar dois aspectos. O gênero textual ‘piada’ que, por ter como característica um final engraçado e/ou surpreendente, está sujeito a interpretações do interlocutor, ou seja, este gênero permite uma maior relação entre o dito e o subtendido, através de construções ambíguas. Outra condição é onde o texto foi produzido, na Internet, ferramenta de uso de milhares de pessoas diariamente.

Todas essas características juntas foram a causa da repercussão polêmica.

Além do mencionado acima, o estudo discursivo considera as relações que esse ‘dito’ (o discurso) estabelece com o que já foi dito antes e, até mesmo, com o não-dito, o subtendido.

No texto estudado, nota-se uma comparação do macaco King Kong a um jogador de futebol. Em relação ao ‘dito antes’, a anedota não teria sentido se o interlocutor não conhecesse a história do King Kong, nem a coincidência de muitos jogadores de futebol “famosos”, negros, ou não, se relacionarem com mulheres loiras, isto é, esse ‘dito antes’ é o conhecimento prévio do leitor ao ler a piada em questão. Mas também se dá ao fato de algumas piadas e comentários racistas feitos anteriormente comparando o homem negro a um macaco, pois se nunca antes ninguém tivesse comparado um afro-descendente a um macaco, a piada não teria o provável cunho racista.

O ‘não-dito’ é a interpretação subjetiva do discurso, ou seja, é o que não está explícito no discurso e o sujeito quer, ou não, passá-lo ao interlocutor. No caso da piada, não está especificado a etnia do jogador de futebol comparado ao macaco em questão, se o autor comparou a um jogador negro, vai da interpretação de cada leitor. Agora, se o humorista teve a intenção de fazer com que a sua piada fosse racista, provavelmente não, pois ele justifica a sua anedota “reparem: na piada do King Kong, não disse a cor do jogador. Disse que a loira saiu com o cara porque é famoso. A cabeça de vocês que tem preconceito [...]”.

A Análise do Discurso foi utilizada para mostrar as causas da polêmica gerada pela piada do humorista Danilo Gentili por ter um provável cunho racista. E também foi utilizada para verificar se há ou não o racismo na anedota: em relação ao ‘dito’, não há, pois não está explícito no texto; em relação ao ‘dito antes’, pode ser, pois há jogadores negros e brancos que se relacionam com loiras no Brasil; e em relação ao ‘não-dito’, fica a critério de cada leitor constatar racismo na piada.

Natassia

7 de agosto de 2009

Eles meteram poesia na bagunça do dia-a-dia

Há exatamente um mês, estava em Ribeirão Preto expondo um artigo, em forma de painel, elaborado em 2008 na área da Semiótica. O evento foi o congresso do Grupo de Estudos Linguisticos do Estado de São Paulo (GEL).
A autora com o seu painel no 57° GEL
O artigo é uma análise feita com a música "Alagados", escrita por Hebert Viana e Bi Ribeiro, da banda "Os Paralamas do Sucesso". A música tem como conteúdo uma crítica social. A análise contém duas teorias da semiótica e a própria análise de estrofes.
Resumo enviado para o evento - Rio de Janeiro: Uma antítese social
Fotos tiradas durante o evento aqui
Natassia

5 de agosto de 2009

Breve tratado sobre este blog


Este blog foi reformulado para atender às necessidades de uma jovem estudante que está em fase de conclusão da sua graduação de Letras Português/Espanhol (descrito no perfil), já desenvolve seus trabalhos no meio educacional e acadêmico através de estágios e de desenvolvimento de alguns trabalhos na graduação relacionados com essas àreas tão ricas.

O título do blog "Papo de Magistra" é uma junção de dois termos bastante 'distantes' da nossa língua: "Papo" e "Magistra". "Papo": gíria muito popular que designa 'assunto', 'conversa'. E "Magistra": termo do latim clássico, que significa 'professora', 'mestra'.

Toda essa explicação quer dizer que o título do blog traduz um pouco o que é sua autora, ao menos tentará traduzir: algo, ao mesmo tempo, jovem, moderno, cheio de planos e vontades de 'fazer acontecer' e "tradicional", não se desprendendo dos objetivos descritos anteriormente, ou seja, falando sobre os assuntos já mencionados com um ponto de vista de quem está a cada dia adentrando ainda mais neste "mundo mundo vasto mundo" e conseguir compartilhar essas experiências.


Este blog estará aberto a sugestões, críticas, opiniões, etc.


Natassia



P.S.1: o trecho "mundo mundo vasto mundo" é um fragmento do 'Poema de Sete Faces', publicado em 1930 no livro 'Alguma Poesia' de Carlos Drummond de Andrade;


P.S.2: Qualquer relação do título do post com algum dos vários títulos do blog do jornalista Rafael Cortez não é mera coincidência.