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30 de outubro de 2011

Mar Portuguez - Fernando Pessoa



Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão resaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quere passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abysmo deu,
Mas nelle é que espelhou o céu.

Fernando Pessoa nasceu em 1888, em Lisboa, vindo a falecer na mesma cidade, em 1935, com apenas 47 anos. Órfão de pai ainda criança, passou a infância e a adolescência em Durban, na África do Sul, onde obteve educação inglesa, tornando-se um poeta bilíngue. Em 1905, prestes a ingressar na Universidade do Cabo, precisou voltar para Lisboa. Lá chegou a iniciar o Curso Superior de Letras, abandonando-o para instalar uma tipografia, que fracassou. Trabalhou obscuramente como correspondente estrangeiro – redator de cartas comerciais em inglês e francês –, atividade modesta, que acabou por sustentá-lo a maior parte da vida.

Embora tenha participado intensamente das publicações do Modernismo português, seu único livro publicado em vida foi Mensagem, obra com a qual participou de um concurso de poesia do Secretariado da Propaganda Nacional, em Lisboa, em 1934, pouco antes de morrer. O prêmio de segunda categoria que lhe deram, nessa última experiência literária, mostra o quanto não foi reconhecido em vida, embora tenha dedicado toda ela à arte e à poesia. Milhares de páginas têm sido escritas sobre sua criação, uma das maiores do século XX, ao lado de Eliot, Rilke, Pound, Lorca e alguns outros.

Além de Mensagem, escreveu Poemas completos de Alberto Caeiro, Odes de Ricardo Reis, Poesias de Álvaro de Campos, Poemas dramáticos, Poesias coligidas, Quadras ao gosto popular, Novas poesias inéditas. Em prosa, suas obras são: Páginas de Doutrina Estética, A nova poesia portuguesa, Análise da vida mental portuguesa, Apologia do paganismo e Páginas íntimas e de auto-interpretação.

Poeta filósofo, sutil e complexo, Fernando Pessoa escreve em redondilhas rimadas, fundamentalmente procurando reunir o “sentir” e o “pensar” (“ O que em mim sente ´stá pensando”). A inquietação, a necessidade de compreender todas as coisas, a busca constante da consciência, que inclui saber ser ela uma impossibilidade, constituem algumas das características fundamentais de sua obra.

Fernando Pessoa é o poeta que conjuga lucidez e vidência, que se coloca entre o pendor para a paixão, o sonho, a entrega mágico-poética aos mistérios e a postura analítico-racional, de constante indagação crítica. Assim, fragmentou-se, multiplicou-se, reinventou-se, convivendo em profundidade com todas as grandes contradições do nosso tempo e recriando-as poeticamente, numa das monumentais obras-primas da poesia do século XX.

Mensagem é sua obra em versos, ao mesmo tempo, líricos e épicos. Está dividida em três partes: I – Brasão; II – Mar Portuguez; III – O Encoberto. Nela, Pessoa recria a História de Portugal, a partir de Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões. Escrita no período neoclássico (século XVI), Os Lusíadas é considerada a maior epopeia existente em língua portuguesa, tendo imortalizado a glória e a soberania de Portugal, no período da expansão ultramarina.



No diálogo intertextual que Fernando Pessoa estabelece com Os Lusíadas para escrever Mensagem, percebe-se que o objetivo maior desta obra é restabelecer a grandeza messiânica da pátria, conquistada na época de Camões por meio das Grandes navegações Marítimas, e nunca mais recuperada. Em sua atmosfera mitopoética, visionária, Mensagem busca resgatar a glória e a soberania portuguesas, vendo a pátria predestinada a realizar um destino superior, tão nobre quanto o realizado no século XVI, mas de natureza metafísica, espiritual: a criação da Grande Poesia.

“Mar portuguez” é uma das mais belas composições de toda a obra de Fernando Pessoa. Nela, o poeta sintetiza, de forma brilhante, os elementos fundamentais no questionamento das Navegações: a dor, o preço pago para que o mar se tornasse português e a pergunta vital – “Valeu a pena?”.

O poema tem um tom filosófico, épico, elegendo como interlocutor o mar: espaço infinito, de expansão e de aventuras. Faz um balanço histórico com ele, reconhecendo a dor e, também, a necessidade de ultrapassá-la, quando o que importa é o Ideal. Em versos alternadamente de dez e oito sílabas poéticas, com rimas emparelhadas (aabbcc), as duas estrofes de seis versos que constituem o poema exibem alguns elementos essenciais da releitura de Os Lusíadas presente em Mensagem. Sua temática se aproxima da do episódio camoniano do Velho do Restelo, em que se denuncia o imenso sacrifício imposto ao povo pela aventura ultramarina:

“ Em tão longo caminho e duvidoso
Por perdidos as gentes nos julgavam.
As mulheres e`um choro piedoso,
Os homens com suspiros que arrancavam.
Mãe, esposas, irmãs, que o temeroso
Amor mais desconfia, acrescentavam
A desesperação e frio medo
De já nos não tornar a ver tão cedo.”

Julgando-os perdidos, mães, esposas, irmãs choravam antecipadamente a morte de seus parentes; as lágrimas eram tantas que se igualavam em quantidade aos grãos de areia:

“ A branca areia as lágrimas banhavam,
Que a multidão com elas se igualavam.”



Fernando Pessoa retoma a fusão das lágrimas com as águas do mar, comunhão mais que perfeita da aventura portuguesa. Como nos outros poemas desta obra, o autor recorre a arcaísmos gráficos, como forma de remissão a um passado longínquo (portuguez, lagrimas, resaram, quere, abysmo, nelle).

Na primeira estrofe do poema, o mar aparece como vocativo, considerado como entidade superior, divina, mitificada (dessas entidades superiores que se alimentam de sangue, da dor, do sacrifício humano). As frases exclamativas realçam o sofrimento causado pela sua conquista, sintetizado pelas lágrimas que, de tão numerosas, colaboraram para torná-lo salgado (conceito hiperbólico). Repare que o eu lírico se manifesta de forma coletiva: “ Por te cruzarmos, quantas mães choraram”. A forma verbal de primeira pessoa do plural (“cruzarmos”) traz implícito o sujeito nós, que expressa a ideia de uma voz coletiva, isto é, de todo o Povo português a lamentar o alto preço pago.

A vocação náutica dos portugueses e os grandes descobrimentos do passado tornaram o tema do mar bastante frequente na Literatura Portuguesa de todos os tempos. Fernando Pessoa, em “Mar portuguez”, focaliza o custo que a aventura marítima representou em termos de vidas humanas e sofrimentos ao povo de seu país (representado pelo choro das mães, a prece dos filhos e a privação das noivas). O possessivo nosso do verso 6 não deixa dúvida de que Portugal adquiriu efetivamente a conquista desejada: o mar.

A segunda estrofe, no entanto, o eu lírico justifica o empreendimento e o esforço supremo: “Quem quere (quer) passar além do Bojador/Tem que passar além da dor”. Para os portugueses, a glória era simbolizada pela superação dos perigos do mar, constante duelo com a morte. O Bojador é um cabo localizado na costa oeste da África, na altura das ilhas Canárias (pouco ao norte do Trópico de Câncer). No início das grandes Navegações, era o limite conhecido do território africano. Portanto, “passar além do Bojador” significa entrar no desconhecido, enfrentar “perigos e abismos”.

E nesse contexto, “ tudo vale a pena” quando se alcança um desígnio maior, destinado pela nobreza da alma não pequena( de inspirações ilimitadas), pois se o mar é perigoso, na mesma medida, é o espelho da grandeza e da sublimidade, já que é nele que se reflete o céu. Ao Ideal expansionista do século XVI, com suas conquistas materiais e suas glórias terrenas, Pessoa opõe outro Ideal: um “Mar portuguez” mítico, metafísico, espiritual: conquistá-lo significa optar pela aventura e pelo sonho, engrandecer a pátria e a humanidade com a força da “Grande Poesia”, portuguesa e ao mesmo tempo universal

Fonte: Blog Literatura & Linguagens

Literatura portuguesa atual

Inês Pedrosa


A portuguesa Inês Pedrosa é uma autora bastante conhecida no Brasil, cujos romances "Fica Comigo Esta Noite" (2007, Planeta do Brasil) e "Fazes-me Falta" (2003, Planeta do Brasil) tiveram relativo destaque no país. Justificado sucesso: seu feminismo, sem carregar nenhuma bandeira, é sutil, presente tão somente no universo das personagens ou nas frágeis camadas de sua estrutura narrativa.


Sua escrita, e mesmo seu horizonte temático, é versátil, talvez graças à sua experiência como tradutora e diretora da revista "Marie Claire", de Portugal, isso entre 1993 e 1996 (é atualmente colunista do semanal "Expresso", um dos maiores jornais portugueses).

Seu livro mais recente, "A Eternidade e o Desejo" (2008, Alfaguara), confirma a versatilidade da autora. Trata-se de um romance ambientado em Salvador em que ritos e tradições da cultura brasileira, como o candomblé, surgem para orientar o leitor em uma busca pelo amor.

O estado de cegueira da protagonista, diferente do célebre "Ensaio sobre a Cegueira" (1995, Cia. das Letras) de seu compatriota José Saramago, funciona como porta de entrada para a redescoberta do sentimento amoroso. Em Saramago, a deficiência problematiza toda uma ordem de relações humanas.

Também contista, Inês Pedrosa busca nos desencontros mais cotidianos a inspiração para seus recortes de fôlego menor. Como uma fotografia de cada movimento das personagens, o instante ganha a potência de uma vida, apenas sombreada nas feições, nas palavras e nas entrelinhas de suas histórias.

"Fica Comigo Esta Noite" é um exemplo representativo da ficção da autora, onde cada movimento em falso das personagens não é simplesmente desvio arbitrário nas mãos de um ardiloso narrador, mas sim reflexo do conflitante livre-arbítrio que parece guiar cada personagem, cada decisão. Mais do que tratar da solidão, a narradora busca encontrar, em uma análise às avessas, as causas desse estado para então sugerir possíveis saídas, sempre pelo viés amoroso.

Solidão e amor, um dos contrapontos mais dolorosos da história da literatura, funcionam como instrumento em sua obra, não como objetos, temas ou motivos. Invertendo-se a equação, ou seja, sobrepondo o sentimento à resolução de seu próprio conflito, a autora cria uma trama que puxa o leitor mais pela bem amarrada linguagem do que pela mera tematização amorosa. A linguagem antecede o amor, e não este dá origem à expressão.

Por conta desse feminismo sem bandeira e dessa versatilidade, a mesa 5, intitulada "Sexo, Mentiras e Videotape", da qual Inês Pedrosa fará parte, dialogando com a inglesa Zoë Heller e com a brasileira Cíntia Moscovich, outras expoentes da literatura feminina, tem tudo para atrair boa parte do público da Flip, ao unir três gerações diferentes de mulheres discutindo e reexaminando a própria intimidade.

Fonte: Folha ilustrada


José Saramago

José de Sousa Saramago nasceu numa família de camponeses da Aldeia de Azinhaga, ao sul de Portugal, em 1922. Seus pais eram analfabetos. Sua origem influenciou o modo de escrever, caracterizado pela liberdade no uso da pontuação. "Meu estilo começou em 1979, quando eu estava escrevendo Levantado do Chão. O mundo que eu descrevia era o Portugal rural, durante os primeiros dois terços do século passado - um mundo no qual a cultura de contar histórias predominava, e eram passadas de geração a geração, sem que se usasse a palavra escrita", disse o escritor ao jornalista australiano Ben Naparstek, lembrando que, quando se fala, não se usa pontuação. A entrevista foi incluída no livro Encontros com 40 Grandes Autores.



Com um estilo próprio, Saramago conquistou em 1983 o Prêmio Camões, a mais importante distinção dada a um escritor em língua portuguesa - recebida neste ano pelo poeta Ferreira Gullar - e, em 1998, o Prêmio Nobel de Literatura.


Levantado do Chão é um dos livros que mais falam de Saramago. Ao mostrar a luta do povo contra a opressão dos latifundiários e das autoridades oficiais e clericais, o romance faz ecoar a opção política do escritor, que se dizia socialista até o fim da vida. Considerado hoje o seu primeiro grande romance, Levantado do Chão também merece destaque por ter dado notoriedade a Saramago, que por ele recebeu o Prêmio Cidade de Lisboa, em 1980, e o Prêmio Internacional Ennio Flaiano em 1982.


Sua atividade como escritor, no entanto, havia começado muito antes, em 1947, com o livro Terra do Pecado. Após um hiato de 19 anos, lança, em 1966, Os Poemas Possíveis, seu primeiro livro de poesia. Três anos depois, se tornaria membro do Partido Comunista Português. Atuando como crítico literário e jornalista, em 1975, chegaria à direção-adjunta do Diário de Notícias. Mas, já no ano seguinte, fugindo à opressão do Salazarismo, regime totalitário que dominava Portugal, passaria a viver de literatura. Num primeiro momento, como tradutor. Em seguida, como autor.


Depois de Levantado do Chão, chamaria a atenção com os romances O Ano da Morte de Ricardo Reis (1984), A Jangada de Pedra (1986) e O Evangelho Segundo Jesus Cristo (1991), cuja inspiração lhe veio de um golpe de vista. Andando pela rua, o escritor acreditou ter lido, na manchete de um jornal, aquele que viria a ser o título da obra, e a partir daí nasceu a ideia de contar o Novo Testamento pela visão de Jesus Cristo, e não mais de um de seus apóstolos.


Foi por este livro que Saramago deixoiu Portugal, no início da década de 1992. A inscrição de O Evangelho Segundo Jesus Cristo para o Prêmio Literário Europeu, em 1992, foi vetada pela Secretaria de Cultura portuguesa. As vendas dispararam, mas, aborrecido, o escritor mudou-se para Lanzarote, nas Ilhas Canárias.


Sobre Levantado do Chão, outra curiosidade: o título foi tomado de empréstimo pelo compositor Chico Buarque, que participou juntamente com Saramago e o fotógrafo Sebastião Salgado de um projeto relacionado ao Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST). "Como então? Desgarrados da terra? Como assim? Levantados do Chão?", diz a letra da canção Levantados do Chão.


O Ensaio Sobre a Cegueira (1995) é outro destaque da obra de Saramago. O livro foi adaptado para o cinema em 2008 pelo brasileiro Fernando Meirelles, segundo quem Saramago não gostava de falar de literatura. Para ele, haveria assuntos mais importantes a discutir. Casado com a jornalista espanhola Pilar del Rio, Saramago deixa uma filha e dois netos do primeiro casamento.


Algumas das principais obras de Saramago:


Levantado do Chão (1980)
Memorial do Convento (1982)
O Ano da Morte de Ricardo Reis (1984)
História do Cerco de Lisboa (1989)
O Evangelho segundo Jesus Cristo (1991)
Ensaio sobre a Cegueira (1995)
As Intermitências da Morte (2005)

Fonte: Veja - Celebridades


26 de outubro de 2011

Realismo e Naturalismo




Surgimento: II metade do século XIX


Características do REALISMO:

1) Objetivismo e impessoalidade
2) Busca da verossimilhança: as obras devem dar a impressão de verdade total, isto é, de que constituem um reflexo perfeito da realidade
3) Busca da perfeição formal
4) Pessimismo: os valores burgueses e as crenças religiosas e ideológicas sofrem um processo de completo descrédito
5) Racionalismo - cuja tradução é tanto a análise psicológica como a análise social


Características do NATURALISMO
1) Arte vinculada às novas teorias científicas e ideológicas européias (Evolucionismo, Positivismo, Determinismo, Socialismo, Medicina Experimental). Daí o outro nome do movimento, criado por Zola: romance experimental.
2) Todas as características do Realismo - menos a análise psicológica. Esta é substituída por variações deterministas que transformam os personagens em fantoches de destinos pré-estabelecidos. Segundo Taine, o homem é produto do meio, da raça e do momento histórico em que vive. Pode-se dizer assim que o Naturalismo é o Realismo mais o cientificismo da II metade do século XIX.
3) Cientificismo sociológico e biológico. O sociológico é dado pelo determinismo do meio e do momento. O biológico pelo determinismo de raça e dos temperamentos e caracteres herdados.
4) Personagens patológicos. Para provar suas teses, os escritores naturalistas são obrigados muitas vezes a apresentar protagonistas doentios, criminosos, bêbados, histéricos, maníacos.



O Realismo e Naturalismo no Brasil



As primeiras idéias renovadoras surgem na década de 1870, no Recife, através da ação de Tobias Barreto e Sílvio Romero.
Em 1881 aparecem O mulato, de Aluísio Azevedo e Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis. Ainda que não sigam de todo os modelos europeus, as obras são respectivamente consideradas as inauguratórias da estética naturalista e realista no país.


O romance realista



MACHADO DE ASSIS



I fase: (Tendências indefinidas, com maior acento romântico)
Ressurreição - A mão e a luva - Helena - Iaiá Garcia

· Tentativa de contrastar caracteres, conforme declaração do autor no prefácio de Ressurreição.
· Certos temas recorrentes na II fase, como a ambição e o egoísmo, já se insinuam nestes romances
· Linguagem carregada de lugares-comuns.


II fase: (Realista, mas de um realismo absolutamente singular, fora dos padrões europeus)

Memórias póstumas de Brás Cubas
Um defunto autor, sem as ilusões e as fraudes interiores dos vivos, narra do túmulo a sua vida pregressa. Num tom irônico, ele vai descobrindo a ausência de grandeza em si e em todas as pessoas. A consciência de que as ações humanas são desencadeadas apenas pelo interesse, pela possibilidade de lucro, pelo egoísmo e pelo instinto sexual, justifica o fim do romance, em que Brás Cubas mede sua vida e conclui que ganhara: "Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado de nossa miséria".

Curioso é o personagem Quincas Borba, amigo do personagem-narrador, filósofo de duvidosa sanidade mental, criador da teoria do Humanitas que, sendo uma sátira contra todas as filosofias, é também a tradução da corrosiva visão de mundo do próprio Machado de Assis.

Quincas Borba
O modesto professor Rubião recebe em Barbacena grande herança do falecido filósofo Quincas Borba, com a condição de cuidar do seu cachorro, também chamado Quincas Borba.
Rubião abandona a província, mudando-se para o Rio de Janeiro, onde é enganado e explorado por um bando de parasitas, especificamente por um ambicioso casal: Sofia e Palha. Sofia percebe a paixão do professor por ela e se diverte com sua ingenuidade. Palha monta um negócio de exportação com o professor, o qual entra com todos os recursos financeiros para o empreendimento.
Rubião, consciência estreita em demasia para a complexidade psicológica e social, nada entende. E acaba enlouquecendo. Dissipa, então, a sua fortuna inteiramente. Palha desmancha a sociedade, ficando com o negócio e Rubião é despachado de volta para Barbacena, em companhia do cachorro Quincas Borba. Lá morre na maior miséria.

Dom Casmurro
Bento Santiago tenta recompor o passado através da memória, e recorda o amor adolescente por Capitu (a de "olhos oblíquos e dissimulados", "olhos de cigana", "olhos de ressaca"). Boa parte da memória de Bentinho concentra-se na adolescência dos personagens, na poesia da primeira paixão, no compromisso de casamento e em seu ingresso forçado no seminário, promessa carola de sua mãe. Depois, as ações ocorrem velozes: a amizade com Escobar, o abandono do seminário, o tão desejado casamento com Capitu, o enlace de Escobar com Sancha, a amizade dos casais, o nascimento de Ezequiel, filho do personagem-narrador, a felicidade.
Escobar morre no mar e Capitu sofre tanto que Bentinho desconfia. Uma desconfiança que aumentará dia após dia, uma dialética de suspeitas e ciúmes: Bento vê no filho, Ezequiel os traços fisionômicos de Escobar. O casamento se corrói pela traição (concreta?, real?) de Capitu, que parte para a Europa com o filho, impelida pelo marido que já não os aceita. Anos depois, Capitu morre, Ezequiel retorna para o Brasil (segundo o narrador, cada vez mais parecido com Escobar), vai para a África e lá também morre. O processo de desagregação de Bentinho estava concluído, restando-lhe enfrentar a solidão definitiva.

Esaú e Jacó
Quando o Conselheiro Aires morre, encontra-se em seus papéis a narrativa em questão. É a história de dois gêmeos, Pedro e Paulo, que já brigavam no ventre da mãe e que seguem adversários na infância e na vida adulta e na maturidade. Um se forma médico, outro advogado, um ingressa no partido conservador, outro no partido liberal. Um é monarquista, outro vira republicano. Ambos, no entanto, se apaixonam pela mesma moça, Flora. Esta oscila entre os gêmeos e termina morrendo sem optar por nenhum. Pedro e Paulo reconciliam-se e prometem amizade fraternal para o resto da vida, mas em seguidas rompem outra vez e seguem se odiando mutuamente.
O romance é muito lembrado por ser o único, na obra machadiana, em que fatos históricos (a Abolição e a República) têm importância no entrecho. Nos vestibulares aparece com freqüência o irônico episódio do cap. XLIX - Tabuleta velha - em que um dono de confeitaria, Custódio, em meio à confusão histórica (fim do Império, início da República) não sabe como designar a sua casa de negócios.

Memorial de Aires
O mesmo Conselheiro Aires, diplomata aposentado, escreve o seu diário cheio de finas observações sobre a vida, num tom discreto e levemente nostálgico, abrandando aquele pessimismo dos relatos anteriores de Machado de Assis. (No mundo ficcional, as memórias do conselheiro são anteriores ao romance Esaú e Jacó, do qual ele também é o narrador).
O conselheiro acompanha com interesse humano (talvez amoroso) a jovem viúva Fidélia, praticamente adotada por um casal de velhos sem filhos, Dona Carmo e Aguiar. Estes tinham experimentando uma grande decepção quando um rapaz a quem se afeiçoaram, como se fosse seu filho verdadeiro, Tristão, mudara-se para Lisboa com o fim de freqüentar a escola de medicina. Tristão retorna e acaba se casando com Fidélia. Em seguida, para tristeza dos velhos, o jovem casal viaja para Europa. O romance termina com o Conselheiro Aires acompanhando com discreta piedade a solidão do casal Aguiar e Carmo, no qual muito críticos viram as figuras de Machado e de sua esposa, Carolina.


Os temas principais:


1 - O adultério: Motivo central de Dom Casmurro e de uma série de contos, além de ser motivo importante de Memórias póstumas de Brás Cubas e Quincas Borba.

2 - O parasitismo social: Reflexo de uma sociedade erigida sobre o trabalho do escravo. Parasitas são quase todos os personagens de Machado, principalmente em Quincas Borba.

3 - A confusão entre a razão e a loucura: As fronteiras estabelecidas entre a razão e a insanidade são vagas e incertas. No conto O alienista desenvolve-se uma ironia feroz contra as certezas cientificistas do século XIX.

4 - O egoísmo, a vaidade, o interesse: Sem estes elementos nada ocorreria nos romances e contos de Machado de Assis. Os personagens movem-se por orgulho ou cobiça, e os que vivem por motivos mais nobres, em geral, são os enganados, os vencidos.

5 - A impossibilidade de ação com grandeza: Se acompanharmos Brás Cubas, Bentinho e o mesmo Rubião, veremos apenas o inventário de mesquinharias e atitudes hipócritas que satisfazem a moral das aparências.

6 - A hipocrisia: Relaciona-se com aspecto do duplo comportamento humano. Intimamente, os seres possuem determinadas facetas, idéias, sentimentos, mas, para satisfazer as exigências sociais, dissimulam, falsificam a sua identidade. Trata-se de um universo de véus e máscaras. Há uma alma interior e uma alma exterior: este é o tema do conto O espelho. Às vezes, a aparência e a verdade se confundem tanto que os indivíduos tomam uma pela outra: Capitu aparenta trair, Bentinho a julga traidora.

7 - A ambigüidade feminina: As mulheres no regime patriarcalista, inferiorizadas socialmente, são impelidas a aprender regras de dissimulação e de sedução, e se servem delas como armas. Muitas vezes, são elas que conduzem os homens desencadeando crises e problemas. Sofia, Capitu, Virgília e dona Conceição - esta última do conto Missa do galo - exemplificam este tipo de mulher.

8- O instinto e o subconsciente como móveis dos atos humanos.


Fonte: Mundo Vestubular

20 de outubro de 2011

"Sentir primeiro, pensar depois
Perdoar primeiro, julgar depois
Amar primeiro, educar depois
Esquecer primeiro, aprender depois
Libertar primeiro, ensinar depois
Alimentar primeiro, cantar depois
Possuir primeiro, contemplar depois
Agir primeiro, julgar depois
Navegar primeiro, aportar depois
Viver primeiro, morrer depois."


(Mario Quintana)



15 de outubro de 2011

O professor está sempre errado

O material escolar mais barato que existe na praça é o professor!


É jovem, não tem experiência.
É velho, está superado.

Não tem automóvel, é um pobre coitado.
Tem automóvel, chora de "barriga cheia'.

Fala em voz alta, vive gritando.
Fala em tom normal, ninguém escuta.

Não falta ao colégio, é um 'caxias'.
Precisa faltar, é um 'turista'.

Conversa com os outros professores, está 'malhando' os alunos.
Não conversa, é um desligado.

Dá muita matéria, não tem dó do aluno.
Dá pouca matéria, não prepara os alunos.

Brinca com a turma, é metido a engraçado.
Não brinca com a turma, é um chato.

Chama a atenção, é um grosso.
Não chama a atenção, não sabe se impor.

A prova é longa, não dá tempo.
A prova é curta, tira as chances do aluno.

Escreve muito, não explica.
Explica muito, o caderno não tem nada.
Fala corretamente, ninguém entende.
Fala a 'língua' do aluno, não tem vocabulário.

Exige, é rude.
Elogia, é debochado.

O aluno é reprovado, é perseguição.
O aluno é aprovado, deu 'mole'.

É, o professor está sempre errado, mas, se conseguiu ler até aqui, agradeça a ele!

Esta é para ser repassada mesmo.
 
 
Jô Soares
 
 

Día de los profe



12 de outubro de 2011

Infância nos anos 90

No dia das crianças, é bom fazer uma retrospectiva da década em que vivi a minha infância - os anos 90.







Feliz dia pra quem ainda não deixou a sua criança interna morrer.



Natassia

8 de outubro de 2011

Anos incríveis

Da série: marcaram época (ESSA SIM, MARCOU ÉPOCA!!!)



A Série

Anos incríveis foi uma série americana de televisão criada por Carol Black e Neal Marlens. O programa dosava muito bem drama e comédia e estreou na rede ABC no dia 15 de março de 1988, totalizando 115 episódios de aproximadamente 22 minutos de duração.


A série se situava no começo dos anos 60 e terminava nos anos 70 com Kevin e seus amigos entrando na fase adolescente. Os episódios eram apresentados de forma nostálgica, mostrando uma época de inocência tanto para os personagens quanto para a sociedade.

Anos Incríveis rodou o mundo, ganhou elogios da crítica pela sua inteligência e sutileza, sendo vencedora de vários Emmy’s, o Oscar da TV americana. Talvez o grande motivo do seu sucesso foi o uso de uma fórmula diferente da que as séries americanas estão acostumadas a usar. Ao invés do humor pastelão e risos pré-gravados, Anos Incríveis mostrava um humor sutil e inusitado em cima de uma situação dramática.

Apesar dos inúmeros pedidos de fãs para que o seriado seja lançado em DVD, isso se torna cada vez mais difícil porque boa parte da trilha sonora da série tem os seus direitos muito caros para serem viabilizados, além de constarem na série mais 300 músicas. A alternativa da empresa de trocar a trilha por outra mais barata, foi descartada porque os fãs defendem a comercialização do DVD com toda a trilha original.



A História





A série se passava no final dos anos 60, e contava a vida de Kevin Arnold, sua família e seus amigos. A narração era feita pelo Kevin adulto, que tinha sempre uma visão muito particular dos acontecimentos da sua infância e adolescência.


Jack era o pai de Kevin, um sujeito turrão, veterano da guerra da Coréia, que sustentava sua família trabalhando na Norcom. Norma Arnold era a esposa ideal, carinhosa, excelente cozinheira, mãe preocupada. Karen era a irmã mais velha, idealista e hippie. Wayne era a definição do irmão pentelho, ele não deixava Kevin respirar aliviado cinco minutos, principalmente quando seu melhor amigo, Paul Pfeiffer, estava por perto.

Paul era o melhor amigo que se podia ter, leal, cdf e alérgico a quase tudo. Os dois estudavam no Colégio JF Kennedy, junto com Winnie Cooper. Gwendolyn, nome verdadeiro de Winnie, era sua vizinha, colega, amiga e namorada. Os três continuaram amigos ao longo dos anos, mesmo com as indas e vindas no romance de Winnie e Kevin, mesmo em escolas diferentes, mesmo em bairros diferentes


Os personagens
 

Kevin Arnold (Fred Savage): O protagonista Kevin, nada mais era do que o retrato de um tradicional estudante da década de 1960. De família pobre, entre suas principais atividades, estava à ida ao colégio, a amizade com Paul, além é claro, do relacionamento com Winnie Cooper.


Winnie Cooper: (Danica Macklellar) Winnie foi sem dúvida alguma, o grande amor de Kevin. Isto, aliás, pode ser notado a partir do primeiro episódio da série.

Paul Pfeiffer: (Josh Saviano): Alérgico ao extremo, Paul era o grande amigo de Kevin. No seriado, seu personagem era extremamente inteligente e dedicado.


Jack Arnold (Dan Lauria) – O pai de Kevin, Jack, era na verdade, um misto de homem rígido e bondoso. No começo do seriado, ele aparece trabalhando na empresa Norcom, já com as posteriores temporadas, ele passaria a gerir seu próprio negócio no segmento de mobílias feitas a mão
Norma Gustavson Arnold (Alley Mills) - Dona de casa dedicada, a Sra Arnold, era o retrato da tradicional mãe de família dos anos 60. É bom se diga, o encontro entra a mãe e o pai de Kevin só aconteceria na faculdade, ele terminaria o curso universitário, ela não.


Karen Arnold (Olivia d’Abo) – A irmã hippie do protagonista. Karen, não teve o mesmo destaque dos outros personagens na série. Em uma de suas poucas aparições, ela aparece se casando e se mudando para a região do Alasca

Wayne Arnold (Jason Hervey) – Wayne é o irmão mais velho de Kevin. Por sua vez, era ele quem provocava as mais inusitadas situações, tanto com Kevin como com seu melhor amigo, Paul.



A Abertura
Embora a música fosse sempre a mesma, a abertura de Anos Incríveis (no original, The Wonder Years,) mudou duas vezes. Na primeira mudança, o começo permaneceu, sendo o final substituído por cenas de Kevin e seus amigos já adolescentes. Na segunda, saíram as cenas clássicas, dando lugar a fotos da época e uma foto de Kevin e sua turma do colégio.
Tv Cultura, Band e Multishow, emissoras que passaram a série aqui no Brasil, exibiram todas as aberturas.





Os Episódios mais Marcantes


Piloto


É aqui onde tudo começa. O primeiro dia de aula de Kevin no Ginásio JF Kennedy, dia em que conhece seus professores e colegas que lhe acompanharão pelos anos seguintes. O momento em que Kevin enfrenta o diretor e joga a maçã no do refeitório é um dos melhores da série, um belo começo!

Adeus


É no episódio Aula de Matemática que Kevin conhece o Sr. Collins, professor de matemática. Mas é em Adeus que ele entra pra sempre na vida de Kevin. Collins é aquele professor inesquecível, que todos nós tivemos. Não porque era bonzinho, severo ou querido por todos… Mas sim por ser um mestre, no verdadeiro sentido da palavra. Em Adeus o Sr. Collins ajuda Kevin a se reencontrar no colégio e na matemática, até que Kevin é surpreendido pela notícia da morte do professor.

A Formatura


Episódio marcante que determinou a passagem dos personagens para uma vida mais adulta. Kevin já não tinha o mesmo rostinho infantil, Paul estava mais alto que todos, Winnie já não era uma presença tão constante. É na formatura do ginásio que Kevin se vê diante do problema que é crescer e ter que deixar pra trás certas coisas que não fazem mais parte das nossas vidas. Kevin, já nostálgico, lembra de quando era criança, enquanto ajuda a eterna Srta. White, em trabalho de parto, a chegar no hospital. E, é claro, se forma.

O Acidente


Winnie está num colégio novo, num bairro novo, e cada vez mais se afasta de Kevin, que não desiste de ir atrás do seu primeiro amor. Os dois brigam na pista de patinação, brigam na rua, brigam na casa de Winnie… Até que ela sofre um acidente de carro, e ele corre para vê-la. Kevin sobe na árvore em frente ao quarto de Winnie, e através da janela lhe diz “eu te amo”. Winnie retribui. É a primeira vez que os dois falam em amor.



O Lago e De Volta ao Lago


Viajando com a família e Paul, Kevin tem a sua primeira paixão adolescente. É no lago que ele conhece Cara, menina da área por quem ele se apaixona como nunca antes. Ao som de “So happy together” eles vivem dias inesquecíveis até que Kevin tem que voltar pra casa. Eles prometem se escrever, voltar a se ver, mas como todo amor de verão, não passam de promessas. Oito meses depois, frustrado com sua vida, Kevin retorna ao lago, mas as coisas jamais seriam as mesmas.

Encontros e Desencontros

Winnie e Kevin, já adolescentes e estudando novamente juntos, resolvem ir no mesmo carro, com seus respectivos pares, ao baile do colégio. Mas tudo dá errado e eles acabam odiando suas companhias. E é ao som de “You’re everything” que Kevin e Winnie se redescobrem, e voltam a ficar juntos.



A Trilha Sonora



A trilha sonora de Anos Incríveis é, de certa forma, a melhor e a pior parte da série. A melhor porque com certeza a vida de Kevin não teria a mesma graça sem esses clássicos dos anos 60. E a pior, porque é justamente os direitos das canções tocadas na série que impede o lançamento de um dvd oficial de Anos Incríveis. Graça a essa trilha sonora inesquecível, temos que nos contentar com episódios no Youtube e DVDs piratas.

Foram quatro os cds oficiais da série, mas muitas músicas que marcaram episódios não fazem parte deles. Quer voltar ao clima da série? Fica a dica das músicas.

With a Little Help from My Friends – Joe Cocker
We’ve got tonight – Bob Seger
Unchained Melody – Righteous Brothers
Baby I Need Your Loving – Was (Not Was)
When a man loves a woman – Percy Sledge
Brown Eyed Girl – Van Morrison
Will You Love Me Tomorrow? – Carole King
ABC – The Jackson 5
It’s My Party – Lesley Gore
Smoke Gets in Your Eyes – The Platters
Birds and the Bees – Jewel Akens
Happy Together – The Turtles
Takin’ Care of Business – Bachman-Turner Overdrive
Ain’t No Mountain High Enough – Diana Ross, The Supremes


O Fim



Na sua sexta temporada, Anos Incríveis chegava ao fim. No episódio duplo, Independence Day, Kevin sai de casa brigado com o pai e vai atrás de Winnie, que está trabalhando em um hotel. Lá ele encontra muito trabalho pesado e uma namorada arredia. Jack vai atrás do filho que continua irredutível. Kevin e Winnie brigam, terminam e são demitidos, tendo que voltar pra casa. Acabam juntos na estrada e, sozinhos, declaram seu amor um pelo outro prometendo nunca se separar. Uma promessa, como diz o Kevin adulto, que só poderia vir de corações muito jovens.


De volta a cidade, vemos toda a família de Kevin no desfile de Independência de 4 de julho. É quando o Kevin adulto nos conta que seu pai faleceu pouco tempo depois, Wayne ocupou seu lugar na fábrica, sua mãe se tornou uma mulher de negócios e Karen, grávida de Michael, teve um filho que é a cara de Kevin. Paul se tornou advogado e continua alérgico a quase tudo.

Winnie e Kevin se escreveram por anos a fio quando Winnie foi estudar arte na Europa. Na sua volta, Kevin foi recebê-la com sua esposa e seu primeiro filho.





“Crescer acontece tão rápido… Um dia você está de fraldas e no outro você se foi. Mas as memórias da infância permanecem com você durante todo o caminho”.




Fonte: Apaixonados por séries