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3 de abril de 2014

Gabriel García Márquez....vale a pena ler

Por que tenho convicção de que García Márquez é imortal

Não tenho como escrever um necrológio de Gabriel García Márquez.
Por que tenho convicção de que García Márquez é imortal Ele é um escritor querido demais, fundamental demais, corajoso demais para que eu não admita outra ideia senão a de que ele é imortal.
Mas chegam notícias alarmantes de que ele, aos 87 anos, já há algum tempo fora do ar, acaba de ser internado com uma pneumonia num hospital da Cidade do México – onde vive. A minha geração – e a seguinte, a seguinte... – teve em Cem Anos de Solidão o seu Dom Quixote, o seu Brás Cubas, a sua Procura do Tempo Perdido.
O que quero dizer é: muita gente reencontrou ali o esquecido prazer de ler. Macondo, o lugarejo do coronel Aureliano Buendía, é a melhor síntese de nostra América: patriarcal, suarenta, ofuscada pela chuva tanto quanto pela hipocrisia, cordialmente violenta, suavemente preconceituosa, deliciosamente medonha. Macondo não é um sítio geográfico; é, entre nós, um estado de espírito.
O colombiano García Márquez – quisera eu ter o privilégio de chamá-lo de Gabo, como fazia o Glauber Rocha, como faz o Chico Buarque, ou o Eric Nepomuceno – ganhou o Nobel de Literatura em 1982. Ateu, é o autor de língua espanhola que mais vendeu livros (a Bíblia em espanhola não está incluída). Só com Cem Anos de Solidão ultrapassou as 50 milhões de cópias.
O peruano Vargas Llosa – era inevitável que eu viesse com ele – morreu de ciúmes e teve de esperar 18 anos para chegar aonde seu rival havia chegado: o Nobel. Mereceu. Vargas Llosa é um escritor de raros méritos e um desprezível ser humano. García Márquez nasceu latino-americano e continuou a ser latino-americano, com todo o orgulho.
Vargas Llosa tem vergonha de suas raízes e finge ser um daqueles almofadinhas da City de Londres que fazem seus ternos milionários na Savile Row. Depois ainda ficou se perguntando porque perdeu a eleição presidencial no Peru, em 1990, na qual tentava se espelhar no... Fernando Collor. Humilhação maior: o candidato da eugenia branca perdeu para Alberto Fujimori, filho de um imigrante japonês.
Que depois se revelou um pilantra, mas essa já é outra história – e não tem nada a ver com o glorioso Gabo.

Fonte: Blog Nirlando Beirão