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11 de agosto de 2013

Vida de plástico?

Ao longo dos anos, os valores sociais estão cada vez mais exigentes e uniformes, tornando-se verdadeiros padrões ditatoriais, físico, sentimental e social.

Pelo "padrão" físico, as pessoas devem ter um corpo esbelto, no sentido de perfeição mesmo: sem nenhum quilo a mais, pele lisa, cabelo maleável, macio e sedoso, sorriso perfeito e branco, barriga chapada, peito, coxa e bundas grandes (no caso das mulheres) e barriga tanquinho, braços definidos, sem muitos pelos no tórax e barba por fazer, no caso dos homens.... e o principal, deve ser inodoro (sem nenhum cheiro natural, no máximo exalando a desodorante, colônia e perfume), entre outros padrões.¹



No "padrão" sentimental, que inclui o social também, alguém deve conhecer alguém, do sexo oposto, com o homem sendo o mais velho, mas não tão mais velho, mais alto e com o mesmo padrão físico. Deve casar-se com essa pessoa, com direito a festa e todo o requinte possível, para exalar a mais pura felicidade, ter dois filhos, viajar todo ano para a praia ou o exterior. Ter um bom emprego, pós-graduação, uma casa de tamanho regular e um animal, pode ser cachorro ou gato. E ter no mínimo 10 amigos em que se deve ter vida social intensa. Tudo isso antes dos 30 anos. 
E se está solteiro (a) ainda, é hora de "procurar" o seu "amor" nas festas, para isso há um trecho que encontrei na Internet, de Frederico Elboni, que traduz bem este costume: "você chega na balada e observa que metade das mulheres estão com um vestido de elástico, já a outra metade está com uma regata branca ou top e por cima uma blusa fina, junto com uma saia alta embalada a vácuo ou short customizado (...)Mas até aí tudo bem pois o uniforme faz parte. Não muito distante disso você vê alguns homens com uma camisa polo com “número 43” nas costas e um cavalo gigante no peito (...) alguns gastando dinheiro que não tem, outros gastando por gastar (...)Culturalmente instruídos a sempre segurar um copo na mão seguimos o nosso caminho em busca de algo que no fundo não sabemos se realmente faz sentido (...)." ²



Ou seja, a sociedade "quer" que sejamos verdadeiras Barbies e/ou Kens, que tenhamos a vida dos sonhos, perfeita, sem conflitos, problemas e brigas e que sejamos jovens e lindos(as) para o resto da vida.
"Cada vez mais as pessoas têm a necessidade de mostrar ser uma coisa que não são, e principalmente terem seu ego exaltado.", diz Elboni no seu texto.
Uma das principais causas deste comportamento e "cobrança" social é o capitalismo, as pessoas estão virando moldes e sendo induzidas a procurar este estilo de vida "ideal". Fenômeno que tanto a publicidade, quanto a mídia colabora, vendendo produtos e serviços a favor da beleza, sites de relacionamento, novelas com finais felizes e casais do mesmo padrão e "personalidades" que exibem lindos corpos, casamentos perfeitos e exalam felicidade pelas ventas (mas será que elas são felizes assim mesmo ou é mera impressão, fachada? ....); programas que prometem dinheiro fácil, jogadores de futebol que ganham milhões facilmente, músicas com apelo sexual e de vida regada à felicidade e bebidas alcoólicas, etc.
Antonio Araújo, do blog Jovens Ideais, afirma que"por sermos um molde do capitalismo, somos tratados como peças; manipulados como bonecos; como robôs controlados, às vezes obrigados a seguir preceitos contrários aos nossos ideais de vida.  Tudo em troca de um determinado valor que recebemos", ou seja, se alguém consegue realizar ela acredita que tem certo "valor ou prestígio na social".

Como consequência disto, têm-se a procura insaciável por cirurgias e tratamentos estéticos, academias, alguns, estudo e mais estudo e idas frequentes à balada ou algum programa social para encontrar o "amor verdadeiro da vida toda". 



Se algum desses padrões não é conquistado, há a frustração, porém, como se pode analisar nos meios de comunicação e nas redes sociais, não se deve transparecer, deve-se aparentar que está tudo "ok", tudo nos conformes (sociais, não os da pessoa). Por isso, há "criações" de personalidades nos sites de relacionamentos, principalmente o Facebook, e na mídia, como citado anteriormente.


Com base em toda essa análise, fica a reflexão: aonde vai parar essa cobrança? Será que você quer ser um clichê ambulante, molde da sociedade, ou um ser humano: com sentimentos, problemas, um corpo natural (o SEU corpo), relacionamentos de verdade (tanto de amizades, como o amoroso)?

Fica a dica: aceitar que você não tem a OBRIGAÇÃO de seguir todos os padrões já é meio caminho andado para a satisfação pessoal, pode-se dizer, para ser feliz. Tente fazer o seu máximo de acordo com as suas vocações. Ninguém, por melhor que seja, consegue agradar a todos.


Natassia


PS:
1. Um texto bem interessante sobre os cheiros que exalamos naturalmente e a ditadura do corpo de plástico, principalmente da mulher, pode ser encontrado aqui.
2. Outro texto bem interessante sobre as relações amorosas artificiais, pode ser encontrado aqui.
3. O texto completo sobre a balada, de Frederico Elboni pode ser encontrado aqui.
4. O texto está sujeito a alterações, posteriormente, para futuras revisadas.

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