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24 de fevereiro de 2014

Como era o Carnaval de antigamente?




Carnaval brasileiro, amado por outros e odiado por alguns, é uma das maiores manifestações artísticas do mundo. Mas você sabia que quando surgiu no Brasil, em meados do século 19, era uma festa em que negros e trabalhadores não se misturavam à elite?
"Os escravos e os pequenos comerciantes brincavam jogando água, farinha, ovos, uns nos outros e se agrupavam em volta de batucadas, dançavam o 'lundu'. Era o chamado Entrudo, legado português", conta o jornalista e pesquisador, Nelson Cadena, que prepara um livro sobre a história do Carnaval na Bahia.
Integrantes da alta sociedade baiana, por exemplo, também jogavam água nos outros só que perfumada, e em negros, mas não admitiam que fosse o contrário. "Um negro jogar água num branco dava cadeia e um tanto de chicotadas", diz.
A elite também celebrava a festa ao som de música clássica, que tinha seu ritmo acelerado. "Giuseppe Verdi chegou a ser convidado para criar um tema carnavalesco por encomenda do bloco Congresso das Sumidades Carnavalescas do Rio de Janeiro", conta Cadena. O compositor não aceitou o convite, mas suas óperas eram as preferidas dos foliões.
A comemoração tinha seu apogeu a noite. "Todo mundo correndo de um lado para o outro, modismo inspirado nos galopes dos bailes carnavalescos do Maestro Philippe Musard, em Paris", diz o jornalista e pesquisador.


Festa proibida
Incomodados com as festas que tomavam conta das ruas
, o Entrudo foi proibido por decreto, sobrevivendo "clandestinamente". Do outro lado, a elite começou a se mexer e a criar clubes que seguiam os modelos dos carnavais de Nice, na França, com carros enfeitados, dando origem aos carros alegóricos para ocupar as ruas e "minar" os eventos populares. "Em paralelo, as pessoas que não participavam desses grupos improvisavam fantasias e seguiam pela rua em grupos que se convencionou chamar de cordões ou batucadas", diz Nelson Cadena.
Com essa separação ainda mais latente, o povo e a elite contribuíram para a formação do Carnaval como conhecemos hoje, opina Cadena. "A elite criou seus espaços carnavalescos em clubes sociais e ia às ruas com carros alegóricos. O povo também criou seus espaços, desfilando em cordões e batucadas, exibindo suas insígnias baseadas nos símbolos dos Ranchos e Ternos de Reis que mais tarde inspirariam o modelo de desfile das escolas de samba", diz.
Os temas escolhidos para esses desfiles, mais tarde batizados de enredo, surgiram na década de 1920. "Era um desfile que representava uma história, no início inspirada nos mitos e épicos universais, dando lugar a temas nacionais com o passar dos anos", diz o jornalista e pesquisador.
Para Nelson Cadena, cada canto do Brasil construiu seu próprio modelo. "No Rio, se fortaleceram as Escolas de Samba, herdeiras dos Ranchos baianos. Em Pernambuco o frevo se impôs e repaginou elementos das culturas afro e lusitana; na Bahia se fortaleceu a miscigenação do afro e do frevo baiano, absorvendo influências da Jamaica e do Caribe, resultando no axé music", diz Cadena.

Fonte: Yahoo 24.02.14

1 comentários:

comprar curtidas disse...

Adorei o tópico, muito interessante!!